Projeto para produção de plástico biodegradável levará estudantes de Sítio dos Nunes à terceira…

por | ago 5, 2022 | Notícias

João Pires e Maria Luiza. Fotos: Géssica Amorim/Coletivo Acauã

Orientados pelo professor de ciências Romário Nunes, 32, os alunos Maria Luiza e João Pedro, de 14 e 13 anos, estudantes do 9° ano do ensino fundamental da Escola Municipal Doutor Paulo Pessoa Guerra, em Sítio dos Nunes (distrito de Flores, Sertão do Pajeú), desenvolveram o projeto Plástico Biodegradável à Base de Mandioca.

Como o título sugere, o trabalho tem como principal objetivo a produção de um filme plástico biodegradável feito à base do amido da mandioca. Em novembro deste ano, o projeto dos alunos será apresentado em Brasília, na Terceira Mostra Nacional de Feira de Ciências, entre os dias 21 e 25. Em cada edição, o evento reúne projetos que foram desenvolvidos por estudantes da educação básica sob orientação de seus professores e que foram apresentados em feiras e mostras científicas incentivadas por editais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O professor Romário conta que a ideia de produzir um plástico biodegradável veio da participação dos alunos em um torneio virtual promovido pelo Espaço Ciência, museu interativo de ciência em Pernambuco. “Em uma das etapas do torneio, os estudantes chegaram a uma fase que tratava de consciência ambiental. Eles viram que alguns plásticos levam de 400 a 500 anos para se decompor. Então, eles precisavam sugerir soluções para esse problema. E foi a partir daí que nós começamos a pensar em como desenvolver um plástico biodegradável”.

Segundo o professor, a produção acentuada de mandioca na região foi definitiva para a escolha do amido da raiz como matéria-prima para o bioplástico. “O amido é um polímero natural, que pode ser usado para a produção do plástico biodegradável. Por aqui, nós produzimos bastante mandioca, isso facilita o nosso trabalho. Por essa razão, escolhemos o amido raiz”, conta.

Plástico resultante do processo desenvolvido por Maria Luiza e João Pedro, leva de três dias a uma semana para ficar pronto.

A escola Doutor Paulo Pessoa Guerra ainda não tem laboratório, então os alunos fazem todo o trabalho na cozinha de casa, sem o auxílio de equipamentos laboratoriais específicos. Eles utilizam o amido da mandioca, água, glicerina e vinagre. João Pedro e Maria Luiza descrevem as etapas da produção do plástico:

“Primeiro nós pegamos na base de 300 gramas de mandioca. Nós descascamos e utilizamos só a parte branca. Ralamos, colocamos no liquidificador com um copo de água e batemos. Depois de bater, colocamos em um recipiente transparente e deixamos descansar por 20 minutos. Após o descanso, obtemos duas coisas: um líquido que fica em cima, que não utilizamos, e, embaixo, um outro líquido gosmento que é onde está presente o amido que vamos utilizar. Nós retiramos duas colheres desse amido e colocamos numa frigideira. Logo após, colocamos quatro colheres de sopa de glicerina e quatro colheres de vinagre. Acrescentamos mais um pouco de água e ligamos o fogo. Nós obtemos outro material gosmento, que já é o plástico. Depois disso, colocamos na forma com o molde que escolhemos e o plástico leva na base de três dias a uma semana para secar”.

O bioplástico produzido por Romário, Maria Luiza e João Pedro leva pelo menos quatro meses para começar a se decompor. O projeto está entre as três propostas que irão representar Pernambuco na mostra nacional. Elas foram indicadas pelo programa Ciência Jovem, que, no estado, publica artigos inéditos de pesquisas científicas realizadas por estudantes do ensino básico, ensino superior e pós-graduação. Ao todo, o evento contará com a apresentação de 40 projetos de estudantes de todas as regiões do país.